O deputado federal Fábio Abreu (PSD) indicou R$ 9.950.000,00 em emendas do “Orçamento Secreto” no ano de 2021. Eleitor de Lula e adversário do atual governo de Jair Bolsonaro (PL), ele indicou mais recursos que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que indicou R$ 9,5 milhões. As informações são do próprio deputado e constam nos documentos enviados pelo Congresso Nacional para o Supremo Tribunal Federal na última semana e tornados públicos na última segunda-feira (09).

O TAL ORÇAMENTO SECRETO

Estes recursos são destinados dentro do Orçamento Geral da União e determinados pelo parlamentar relator, usando um código técnico – o “RP-9”, neste caso. Assim, omite-se o nome do parlamentar que se beneficia da destinação dos recursos.

De todo modo, a prática não é ilegal, mas segundo parlamentares de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL), seria uma maneira de “comprar” votos no Congresso Nacional para projetos de interesse do governo. Controlando a votação dos parlamentares de um lado e destinando dinheiro a obras e projetos nas bases eleitorais de deputados e senadores do outro.

Assim, quem participa da farra, aumenta seu capital político-eleitoral.

Fábio Abreu estava dentro!

GOVERNISMO

De acordo com o controle externo da plataforma de transparência Congresso Em Foco, Fábio Abreu esteve presente em 98% das sessões e acompanhou a orientação de voto do Governo Federal em 89% das vezes, mesmo percentual do deputado federal Marco Aurélio Sampaio (PSD).

O orçamento secreto esteve funcionando nos anos de 2020 e 2021, mas Fábio Abreu só participou do esquema ano passado. Em 2020, ele iniciou o ano fazendo parte do governo de Wellington Dias (PT) como secretário de Segurança Pública e, por fim, esteve muito envolvido com a campanha eleitoral para prefeito de Teresina, disputa na qual terminou em 5º lugar, somando apenas 29.037 votos, o que aponta que a Segurança Pública foi de mal a pior, pelo menos na percepção do eleitorado.

Ele, que vai votar no ex-presidente Lula (PT) nestas eleições de 2022 foi, dentre os piauienses que participaram do esquema, o que indicou a menor quantidade de emendas extras. O deputado Marco Aurélio Sampaio (PSD), por exemplo, indicou três vezes mais recursos (R$ 28 milhões) acompanhando o Governo Federal na mesma proporção de Abreu.  

DESTINAÇÃO DOS RECURSOS DE FÁBIO ABREU

Curiosamente, Teresina, que deu a Fábio Abreu sua maior votação em 2018 (foram 61.955 votos na capital), recebeu apenas R$ 400 mil reais dos quase R$ 10 milhões indicados pelo deputado em verbas extras. 

Talvez por sua votação ter despencado em 2020 quando disputou a prefeitura e foi rejeitado pelo eleitor. Esse dinheiro foi empregado na antiga Superintendência de Desenvolvimento Rural de Teresina na gestão do atual prefeito Doutor Pessoa (Republicanos).

Já o município de Miguel Alves, que em 2018 deu a Abreu apenas 900 votos, recebeu um montante de R$ 2.900.000,00 em supostos investimentos. Para Castelo do Piauí, onde Fábio teve 576 votos nas eleições passadas, foi destinada uma fatia de R$ 1.200.000,00 do orçamento secreto.

Por sua vez, José de Freitas, o segundo maior colégio eleitoral de Fábio Abreu (foram 6.384 votos em 2018) e onde seu irmão, Antônio Abreu, é vice-prefeito recebeu zero. 

Nada, nada. 

Nadinha mesmo.