Está com os dias contados o silêncio que precede a tempestade na residência oficial do governador do Piauí. Já está na mesa do juiz Agliberto Gomes Machado a denúncia contra o núcleo da gestão petista na Secretaria de Estado da Educação durante os anos em que o comando integral da pasta era da deputada federal Rejane Dias, esposa do governador Wellington Dias (PT).
Agliberto é o titular da 3ª Vara Federal e tem em suas mãos um arsenal de provas que implicam gente de confiança e até mesmo parentes de Rejane Dias no maior esquema de roubo de recursos públicos já revelado na história do Piauí. E o Política Dinâmica teve acesso à parte dessa denúncia e das provas apresentadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Dezenas de documentos estão sendo checados e todos eles expõem detalhes que confirmariam as acusações de cumplicidade entre agentes públicos e privados no esquema. Começamos hoje o que será uma série de reportagens sobre os detalhes do esquema: presentes, viagens, mesadas e todo tipo de vantagem ilícita ofertadas de um lado como agradecimento às ilegalidades administrativas cometidas do outro.
A REFORMA
Um dos documentos que o Política Dinâmica já confirmou ser parte do material apresentado à Justiça Federal é uma planilha que registra cada detalhe de compras e pagamentos referentes à reforma da casa de Pauliana Ribeiro de Amorim, a prima mais famosa da deputada federal Rejane Dias.
O documento aponta que num intervalo de 5 meses durante o ano de 2017, uma obra inteira foi bancada com dinheiro das empresas que mantinham contratos suspeitos com a SEDUC. Essa planilha foi encontrada num dos computadores da LOCAR Transportes e aponta repasses e pagamentos realizados em espécie e em cartões de créditos ligados ao empresário petista Luiz Carlos Magno Silva.
Desde aquisição de material de piscina e passando pela compra de granito e vidros até o pagamento dos pedreiros, tudo foi anotado. Dinheiro que triangulou entre as contas do Governo Federal, Governo do Estado e das empresas do esquema criminoso até chegar na casa de Pauliana. Um agrado para quem era fundamental na manutenção dos contratos de transporte escolar e financiaram os interesses da ORCRIM.
Veja o documento abaixo!
COMISSIONADA E EMPREENDEDORA
No total a reforma custou R$ 152.374,61 (cento e cinquenta e dois mil e trezentos e setenta e quatro reais e sessenta e um centavos). Neste mesmo período, de fevereiro a julho de 2017, Pauliana Ribeiro, comissionada exclusiva da Seduc, recebeu exatos R$ 14.634,07 exercendo o cargo de assessora. É menos de 10% do que custou a obra.
As investigações não conseguiram encontrar justificativa legal para a milionária evolução patrimonial da prima de Rejane Dias, que nessa época, estava recebendo um salário médio de R$ 2.400,00 reais do Estado.
Mas vamos lembrar: Pauliana Ribeiro é também empresária. É sócia-administradora da AMORIM & SA CARVALHO EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA, um empreendimento do ramo de hotelaria, com matriz na cidade de São João do Piauí, berço político dela e de sua prima, Rejane Dias.
Aliás, é em São João do Piauí que ela disputa atualmente o cargo de vice-prefeita, filiada ao PL do deputado federal Fábio Abreu, que fez até propaganda em rede social para a amiga.
Voltando à empresa, segundo consta nos registros da Junta Comercial, o capital social dela não é coisa pequena: R$ 2.000.000,00. Isso mesmo, dois milhões de reais, com todos esses zeros aí. Olha a coincidência! Uma empresa criada em meio à reforma de sua casa, em maio de 2017. O sócio? Atende pelo nome de Starley Kennedy Vieira de Sá Carvalho. Agora volta lá na no documento e olha o nome da aba em que se localiza a planilha. Starley consta como tendo recebido pelo menos R$ 66.700,00 em espécie.
Para a Polícia Federal não deve ter sido difícil cruzar as datas das compras com as notas fiscais das lojas e, de repente, até filmagens dos sistemas de segurança dos estabelecimentos e dos caixas eletrônicos.
De onde veio esta planilha, tem muito mais.
Continue acompanhando.
O QUE DIZEM OS CITADOS
O Política Dinâmica procurou a Secretaria de Educação e o atual gestor da pasta, Ellen Gera, para saber que providências foram tomadas no sentido de apurar os fatos apontado pela Operação Topique e quais as medidas de prevenção à corrupção foram implantadas após o início das investigações. Não houve retorno.
A assessoria da deputada Rejane Dias (PT) não respondeu se ela tinha conhecimento que parentes dela recebiam vantagens indevidas da organização criminosa investigada pela Operação Topique ou se ela mesma teria sido beneficiada pelo esquema.
Não conseguimos contato com Pauliana Ribeiro Amorim, Starley Kennedy Vieira de Sá Carvalho nem com Luiz Carlos Magno Silva.
O espaço está disponível para manifestação de qualquer um dos citados a qualquer tempo.
Comente aqui