O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) realizou nesta sexta-feira (6) a sua primeira reunião com os 37 ministros que fazem parte do seu novo Governo. Diante de várias críticas da imprensa e órgãos por conta da indicação de alguns ministérios, o petista declarou que algumas indicações do alto escalão do Governo são fruto de “acordo político”, por outro lado, não deixará de respeitar nenhum e se foram chamados e indicados pelas organizações políticas a que pertence é porque tem competência.
A fala rebate críticas que atual Governo vem sofrendo, recentemente, da imprensa e entidade internacionais. A ONG Transparência Internacional questionou a indicação do ex-governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), como ministro da Integração Nacional. Goés é uma indicação dos partidos do Centrão e já teria sido condenado a prisão por desvio de dinheiro público, tendo em 2019, sido condenado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) a seis anos de prisão pelo crime de peculato, mas a defesa dele apresentou recurso e o processo está parado no STF. Já a nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que é uma indicação do União Brasil, tem sido criticada pela oposição e pela imprensa de que seus grupos políticos tem ligações com grupos de milicianos. Além desses, outros ministros recém empossados, como a própria ministra da Cultura, Margareth Menezes, já sofreram críticas por parte da imprensa e entidades.
Aos ministros, o presidente ressaltou a necessidade de manter uma boa relação com o Congresso, tratando bem os deputados e senadores, bem como os presidentes Arthur Lira (Câmara) e Rodrigo Pacheco (Senado). “Muitos de vocês são resultados de acordos políticos. Não adianta a gente ter o governo mais tecnicamente formado em Harvard e não ter votos na Câmara dos Deputados (...). Não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade da presidência da Câmara. Não é Pacheco que precisa de mim, é o governo que precisa de um bom relacionamento com o Senado. Nós não mandamos no Congresso, dependemos do Congresso. Cada ministro tem que ter a paciência de atender bem a cada deputado, senador, senadora. Senão, quando a gente vai pedir um voto, ele diz: não, fui em tal ministério e nem me receberam”, explicou Lula.
Ainda durante a reunião, o presidente ressaltou que se um ministro fizer algo de errado será “convidado a sair do Governo”. Além disso, a pessoa deverá se colocar a disposição da investigação e da Justiça. Para Cultura, Lula falou para a cantora e ministra Margareth Menezes, que ela deve se preparar porque ele quer fazer uma revolução cultural no país. “Parte da violência existe pela ausência de Estado”, ressaltou Lula.
O presidente ainda destacou que irá na próxima semana realizar uma reunião com o ministro da Educação, Camilo Santana, para que juntos possa visitar escolas, universidades e institutos, para entenderem melhor a real situação e recuperar o que for preciso. “Vamos ter que colocar a mão na massa para produzir e reconstruir, melhorando a educação”, destacou.
A fala de Lula durou cerca de 20 minutos e em alguns trechos houve falhas na voz do presidente, que ao fim precisou usar um lenço para passar no rosto que estavam avermelhados. A reunião continuou sendo conduzida pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.
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