Vamos estabelecer uma verdade principal aqui: seja quem for, tem grandes chances de ganhar. Não há polêmica. São os fatos. O PT tem o Governo Federal, tem o Governo Estadual, tem a Assembleia Legislativa e a militância mais organizada dentre todos os partidos políticos em Teresina depois que o ex-prefeito Firmino Filho (PSDB) morreu.
Com o apagão administrativo que a capital vive, sim, o PT tem grandes chances de fazer o prefeito nas próximas eleições
E QUEM VAI SER?
O candidato do PT é o que o PT vai escolher.
E isso é diferente de dizer que é o que o governador ou o senador, ou o deputado ou o vereador quer. A escolha é partidária e coletiva.
Na última semana, por exemplo, o Dr. Vinícius, deputado estadual que, em tese, era o preferido do governador Rafael Fonteles desistiu da pré-candidatura.
O problema eram as pesquisas? Claro que não.
Falta um ano e meio para as eleições e faltando um ano para as eleições passadas, o próprio Rafael era um traço nas pesquisas.
O que faltou a Dr. Vinícius foi apoio dentro do PT. Não faltou apoio dentro do governo. Aliás, o governador estava andando a tiracolo com ele pra cima e pra baixo. A primeira-dama, Isabel Fonteles, também. Então, que o deputado tenha se visto obrigado a desistir, assim parece, um recado para o próprio governador.
RECADO E REJEIÇÃO
Ele era a preferência de Rafael, todo mundo sabe disso nos bastidores. Quando ele desistiu e imediatamente anunciou apoio a Fábio Novo, fez como se fosse um evento para público geral, mas essa fase é intrapartidária.
Então ele leva a sua rejeição dentro do partido para Fábio Novo, que também tem seu próprio quinhão de rejeição dentro do PT municipal.
Conversando com qualquer pessoa do Diretório de Teresina, entende-se que Fábio Novo sempre esteve em descompasso com essa instância do partido.
Na análise de quem acompanha o partido de perto na capital, ele apoiou o PSDB em 2012 e em 2016, quando o PT estava do lado oposto. O apoio do vereador Venâncio Cardoso, do PSDB, que foi declarado nessa última semana, até lembrou muita gente disso.
Aliás, Venâncio não tem votos dentro do PT de Teresina.
Tampouco o deputado Florentino Neto, que também declarou apoio a Fábio Novo tem. A base de Florentino – e o título eleitoral dele – são de Parnaíba, onde a base governista tem rejeitado sua própria esposa como pré-candidata a prefeita e tem se aglutinado em torno de outro nome, o do deputado Dr. Hélio. Mas essa é outra história.
FORÇAR É POSSÍVEL, MAS TEM PREÇO ALTO
Voltando para Teresina, forçar um candidato de cima pra baixo é complicado dentro do PT. O próprio Wellington Dias não conseguiu fazer isso com a esposa, Rejane Dias em 2012.
E o governador não tem força pra isso?
Tem, claro que tem.
Mas apesar de muita gente dizer que Fábio Novo é o candidato de Rafael Fonteles, alguém viu o governador, ele mesmo com sua boca, dizer isso em algum lugar? Não. Sabe porquê? Por que forçar uma candidatura tem um custo político e tem um custo administrativo.
Digamos que o governador sente com o diretório municipal, um monte de gente que ele mesmo tirou do governo para colocar o seu pessoal, e diga “Olha quero colocar o meu candidato, fulano aqui!”. Sabe qual seria a resposta do diretório? “Claro governador! E o que o senhor pode fazer por nós?”.
Se fosse pra forçar, ele não forçaria por Fábio Novo, forçaria pelo Dr. Vinícius, que já é da sua própria turma, aí sim teria alguma lógica, ou não é?
CRISE E CRÍTICAS PELA FRENTE
Fábio Novo teve um desempenho até interessante em 2020, mas é uma figura polêmica, todo mundo sabe, complicada de defender quando o Ministério Público, exatamente este ano, o acusa de gastar dinheiro público de má-fé para se beneficiar numa eleição.
Em 2016, ele, secretário de Cultura do Estado, segundo o entendimento do MPPI, contratou uma banda, Aviões do Forro, para tocar em um evento em Bom Jesus, o meio do período eleitoral, onde seu irmão, Benigno Nunes Novo, disputava a vice-prefeitura ao lado de Alcindo Piauilino, do Progressistas, partido do senador Ciro Nogueira, atual adversário do governador Rafael Fonteles.
Segundo o Ministério Público, foram gastos em 2016, R$ 220 mil com os Aviões do Forró em Bom Jesus, um município que tem aí seus 25 mil habitantes.
Essa farra de gastos com bandas virou um assunto tão remoso, que o próprio governador Rafael Fonteles teve que, ao assumir, instituir um teto de gastos para isso, que é R$ 190 mil em municípios de até 30 mil habitantes neste ano de 2023.
Tá vendo o tamanho de coisas complicadas pro governador fazer, explicar e ceder para escolher Fábio Novo?
Então, Marcos, quem vai ser o candidato do PT?
Olhando pros fatos: o diretório está se encaminhando para declarar apoio ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Franzé Silva, que aliás, tem uma linha de atuação bem parecida com a do governador Rafael Fonteles, que tem construído uma imagem de político que tem lado e, por isso mesmo, não vai discordar da escolha do partido que o elegeu.
Quando o PT decidir, seja quem for o candidato, será o candidato de toda a base do governo.
Comente aqui