A deputada federal Iracema Portella (PP) indicou R$ 28.866.192,51 em emendas do “Orçamento Secreto”, somando-se os anos de 2020 e 2021. Eleitora de Jair Bolsonaro (PL) e atual pré-candidata a vice-governadora na chapa encabeçada por Sílvio Mendes (União Brasil), a deputada teve o 2º maior volume de “recursos extras” dentre os deputados federais que participaram do esquema.
As informações são da própria deputada e constam nos documentos enviados pelo Congresso Nacional para o Supremo Tribunal Federal na última semana e tornados públicos na última segunda-feira (09).
COMO ASSIM, “ORÇAMENTO SECRETO”?
Segundo parlamentares de oposição ao governo de Jair Bolsonaro, estes recursos são destinados dentro do Orçamento Geral da União e determinados pelo parlamentar relator, usando um código técnico – o “RP-9”, neste caso. Assim, omite-se o nome do parlamentar que se beneficia da destinação dos recursos. Seria uma maneira de comprar votos dentro do Congresso Nacional, numa manobra feita pelas forças do chamado Centrão.
De todo modo, a prática não é ilegal, mas controlando a votação dos parlamentares de um lado e destinando dinheiro a obras e projetos nas bases eleitorais de deputados e senadores do outro, seria possível o governo manobrar deputados e senadores.
Assim, quem participa da farra, aumenta seu capital político-eleitoral.
E Iracema estava no meio da resenha!
GOVERNISMO
De acordo com o controle externo da plataforma de transparência Congresso Em Foco, Iracema Portela esteve presente em 91% das sessões e acompanhou a orientação de voto do Governo Federal em 93% das vezes, uma taxa de governismo que, dentre os deputados federais, perde apenas para Átila Lira (PP) e Júlio César (PSD), que escolheu votar em Lula (PT) nestas eleições.
O orçamento secreto esteve funcionando nos anos de 2020 e 2021. Iracema indicou praticamente a mesma quantidade nas duas oportunidades: R$ 14.208.317,25 em 2020 e R$ 14.657.875,26 em 2021.
Porém o valor é de R$ 10 milhões a menos que sua colega de parlamento e partido, Margarete Coelho, que indicou R$ 39 milhões em emendas do orçamento secreto, mesmo acompanhando Bolsonaro em menos oportunidades que Iracema: 92% das votações.
NÃO DÁ PRA SABER PRA ONDE FOI...
Nos documentos que foram enviados ao STF, a deputada Iracema Portella não especificou quais municípios do Piauí foram beneficiados com os recursos. Nem apontou quais valores já haviam sido pagos ou não.
Do total de R$ 28.866.192,51, segundo documento enviado pela própria, foram pelo menos R$ 10.128.468,00 (mais de um terço de tudo) empregados em estradas vicinais, o que não é crime, mas certamente não parece ser o melhor uso de recursos federais. Dá até pra desconfiar.
A maior parte dos recursos chegaram ao Piauí por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (para as tais estradas vicinais, inclusive!) e do Ministério do Desenvolvimento Regional, ao qual a subordinada a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba).
Aquisição de veículos e equipamentos, pavimentação de vias públicas e perfuração de poços completam a lista dos maiores investimentos feitos com os recursos indicados por Iracema, sem especificar quem foi o responsável final por obras e compras nem para quais municípios foram destinados.
Se a vice de Sílvio Mendes quer levar essa “transparência toda” para o Governo do Estado, não mudará nada do que já existe lá.
Aliás o que existe hoje no governo estadual está lá por conta exatamente do esforço do PP para eleger o PT em 2018.
Né?
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