Assisti ao debate para presidente da OAB-PI ao vivo e, hoje, assisti novamente. Não posso dizer que acreditei em todas as propostas, mas elas serão listadas a seguir. Foi um debate rápido, juntando todas as falas de Raimundo Junior, Aurélio Lobão e Carlos Junior, tivemos pouco mais de 50 minutos de ataques, promessas e conversa fiada.
Questões gerais de classe
RJ apontou 6 propostas:
- Defesa de prerrogativas dos advogados e o combate à criminalização da profissão e à violência contra a advocacia piauiense;
- Judicialização e combate ao aviltamento de honorários, que se traduz na luta contra a cobrança e o pagamento de honorários abaixo do que estabelece a tabela da OAB;
- Desafiar a morosidade do processo judicial;
- Implantar tecnologia e digitalizar a advocacia, com implantação de ferramentas de inteligência artificial para ajudar os advogados;
- Voltar a votação geral do Quinto Constitucional, que deixou de ser realizada na gestão de Celso Barros;
- Aumentar o parcelamento da anuidade com a primeira parcela no mês de abril.
Aurélio apontou 3 propostas:
- Levar dignidade ao advogado aproximando mais a OAB;
- Reforçar a capacitação do advogado com mais pós-graduações;
- Novos prédios de subseções e escritórios coletivos.
Carlos apontou 2 propostas:
- Resgatar autonomia e independência da Ordem e dos advogados dentro do sistema judiciário;
- Aumentar penalidades para quem fere as prerrogativas do advogado.
Sobre o jovem advogado e o mercado de trabalho
Raimundo disse que para incluir o jovem advogado e melhorar seu acesso ao mercado de trabalho o foco seria agilizar os processos judiciais e combater a morosidade. A maior desvantagem do jovem advogado no início da carreira é não conseguir fazer um processo andar na mesma velocidade que conseguem os grandes escritórios. É injusto e desigual.
Disse ainda que criaria um núcleo de monitoramento da celeridade processual: processos com mais de 120 dias sem despacho vão gerar reclamação automática, bem como alvarás com mais de 30 dias sem expedição. O tal núcleo seria gerido por uma procuradoria independente e remunerada.
Junto a isso haverá pós-graduação gratuita, além de cursos mais práticos de capacitação profissional, como marketing e empreendedorismo jurídico e mentorias para melhorar o acesso ao mercado de trabalho.
Por fim, isentar a primeira anuidade do jovem advogado.
Já Aurélio disse que continuará as pós-graduações já ofertadas na gestão de Celso Barros.
Ao mesmo tempo, afirmou que vai formatar links, garantido que jovens advogados vão participar de grupos jurídicos de grandes empresas e entidades públicas, sem dizer ao certo o que isso significa. Eu não entendi.
Outra inovação para o jovem advogado: Aurélio vai implantar o projeto “Meu Primeiro Escritório”, oferecendo apoio de design gráfico e fotos para o marketing digital de quem está chegando no mercado.
A Escola Superior de Advocacia (ESA) e o Tribunal de Ética e Disciplina (TED) vão ajudar o trabalho dessa nova visão de marketing digital.
Por fim, disse que vai incentivar a advocacia dativa.
Em sua manifestação, o advogado Carlos Júnior elogiou o programa de pós-graduação da atual gestão, disse que iria copiá-lo e, para além disso, vai criar uma comissão de acompanhamento do jovem advogado na prática.
A ideia explicada rapidamente por ele é de que equipes formadas por dois advogados com mais de 10 anos de trabalho acompanhem os jovens advogados em atividades em fóruns, delegacias e tribunais, fazendo um trabalho de amparo e defesa deles.
No que diz respeito a propostas, o debate foi isso.
É o breve relatório.
Avaliação do debate
Diante do exposto, observa-se que Raimundo Junior, Carlos Junior e Aurélio Lobão apontaram o que parece ser a verdade que une todos os discursos: no Piauí, a classe de advogados não tem sido respeitada e enfraqueceu diante do Judiciário os últimos anos.
É até normal que candidatos de oposição falem isso, mas ver alguém da situação reconhecer o fato, foi assistir uma confissão de fracasso. “Vamos de chapa 20 para resgatar o respeito”, disse Aurélio em suas considerações finais.
-- Como assim, meritíssimo?
Nesse ponto, a agência de publicidade falhou e a verdade sobre o “apagão” dos últimos 6 anos se impôs.
Outra coisa: falar de advocacia dativa no Piauí e colocar essa conquista na conta da OAB-PI e na sua própria não é apenas um delírio: é um desrespeito. O pai da criança é o advogado Henrique Pires (foto abaixo), deputado estadual do MDB, que iniciou a discussão na Assembleia Legislativa em 2022. Foi ele que saiu de porta em porta e de mesa em mesa coletando apoio para que a Lei Complementar 304/2024 pudesse existir.
Nesse meio tempo, Aurélio estava desde 2021 na função de procurador-geral da gestão de Doutor Pessoa, indicado por Celso Barros. E nos últimos anos, a OAB só tratou de listas sêxtuplas, uma das quais o próprio Aurélio – aí, sim! – participou. Nesse tema, Celso e Aurélio só chegaram pra fazer a foto com o governador e, fala-se nos bastidores, já por conta da eleição da Ordem e a confecção de outra lista sêxtupla.
Não há defesa para a continuidade da atual gestão, mesmo que sob outro formato. Toda a campanha que tem Celso Barros é um grande vazio de sentido e de propostas. Não é uma chapa, é uma ameaça.
Mais prédios e reformas? Elejam logo um engenheiro civil para a presidência da Ordem!
Fotos e design gráfico? Na lista das propostas mais desnecessárias, essa aí só faz par com a proposta de colocar a ESA e o TED pajeando e fazendo tráfego pago de contas de Instagram e TikTok.
-- Jovem advogado, não sabemos como lhe trazer clientes, mas vamos ajudar você a ganhar alguns seguidores. Que tal?
Um meme. Se um jovem advogado cai nessa, é porque já vem sequelado da faculdade, só pode ser.
E tenho que dizer: embora ele não tenha chance de ser eleito – as eleições da OAB-PI não comportam 3 chapas viáveis e a dele não é –, Carlos Junior deu sua grande contribuição ao levantar a crítica contra seus dois adversários. Não é uma disputa de santos para saber quem fica no altar mais perto do céu. O eleitor tem a obrigação de ser crítico, para o seu próprio bem.
Há influências e interesses diversos de todos os lados.
Dito isto, eu posso até duvidar de algumas das propostas de Raimundo Junior; algumas são difíceis de cumprir, sim, mas são fáceis e objetivas de cobrar.
Sem falar que respeitam meus neurônios.
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