Não importa qual seja o caso qual seja o resultado da eleição para presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí, este resultado passa obrigatoriamente pelo advogado Carlos Henrique de Alencar Vieira.
Choverá dinheiro dos céus, pressões de secretários serão distribuídas de um lado, favores de conselheiros e juízos haverão de ser concedidos de outro, mas nada será suficiente para qualquer um ser presidente sem que haja concordância do CH.
-- Deixa de exagero, Marcos! O cara que perdeu as duas últimas eleições que disputou vai decidir coisa nenhuma!
-- Vai, pode escrever.
-- Tu acha?
-- Acho não, tenho certeza!
-- Tá errado... Se eu fosse você, eu é que não escreveria uma baboseira dessa.
-- Rum! Primeiro: ainda bem que não somos a mesma pessoa. Segundo: eu provo, começando exatamente pelas derrotas dele.
-- Ah! Fala sério! O “CH”, em 2018 e em 2021 terminou a eleição em terceiro. Esse aí tá “morto”.
-- Falo seríssimo. Nem tudo na vida é o que parece, jovem gafanhoto! Olhe mais de perto.
Sim, o “CH” perdeu as duas últimas eleições. Mas as manchetes escondem o que os números revelam.
De 2018 para 2021, Carlos Henrique cresceu sua votação de 1.490 para 1.847 votos. Um salto de 357 eleitores. Sem a estrutura que Celso Barros Neto tinha com a máquina da OAB-PI ou a superestrutura de “parceria público-privada” de Raimundo Júnior, Carlos Henrique cresceu seu eleitorado em 2,24%.
Sendo apoiado por Lucas Villa, que ficou em 2º lugar em 2018, o advogado Raimundo Júnior ralou o bucho para aumentar 268 votos em 2021, o que ainda significou uma queda proporcional de 0,65% em relação ao número total de votantes. RJ ainda era apoiado pela advogada Andreia Araújo, que presidia a Caixa de Assistência dos Advogados do Piauí. E, convenhamos, a CAAPI é um baita cabo eleitoral.
Por sua vez, montado na máquina de fazer propaganda da OAB-PI, o atual presidente Celso Barros foi eleito em 2018 com 3.024 votos e reeleito em 2021 com 3.029 votos. Com uma penca de votos inesperados em urnas de lona e tudo mais, Celso Barros cresceu 5 (cinco) votos. Sim, em 90 minutos de jogo o Flamengo faz mais gols no Vasco do que Celso consegue crescer de votação em 3 anos de mandato.
-- É... [gargalhadas] ...já faz mais sentido!
-- Faz todo o sentido! Mas não é só isso.
-- E tem mais?
-- Oxe! Tem! Claro que tem!
-- Pois diga!
A diferença entre o primeiro e o segundo colocado em 2018 foi de 322 votos, ou seja, 4,46% em relação ao total de eleitores. Em 2021, essa diferença caiu para 59 votos, apenas 0,73% do total de eleitores.
Por duas eleições seguidas, Carlos Henrique engajou mais de 20% do eleitorado. Cresceu em números absolutos mais que os outros candidatos e foi o único que cresceu mais em relação proporcional ao eleitorado.
-- Tá quase me convencendo...
-- E por qual motivo não convenci ainda?
-- Ele já tem lado, tá com o Celso... Vai terminar votando no Einstein ou no Aurélio.
-- Se o Celso tiver palavra – coisa que eu, pessoalmente, não acredito – as pesquisas vão apontar que o Carlos Henrique é mais bem posicionado, por isso, deveria ser o candidato. Se ele ficar onde está, ele unifica as disputas internas e, numa eleição de apenas 2 candidatos, ele decide.
-- Ele não tem condição de ser o candidato. Não vão dar a cabeça de chapa pra ele.
-- Então ele pode abrir diálogo com o outro lado e compor com o Raimundo Júnior. O que é que impede? Ele tem discurso: é só apontar que apoiou até aqui o que poderia ser feito em prol da advocacia, mas que não tem compromisso com atrasos, retrocessos ou estelionatos. Aí vai lá pro RJ, dá leveza pra uma chapa na qual, hoje, só se enxerga arrogância e pode garantir a chance de vitória da oposição.
-- Mas esse povo todo não acompanha ele.
-- Não precisa ir todo mundo. Só precisa ir a maioria. A vaidade do Celso e a briga interna entre Einstein e Aurélio fazem o resto do serviço. Tu duvida que o CH convença a maioria dos advogados que chegaram até aqui com ele?
-- É, duvido não.
-- Tô falando... a eleição, seja qual for o resultado, passa pelo Carlos Henrique.
-- Vixi...
Só não passa se ele não quiser.
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