A quem interessa a falta de pagamentos e o colapso dos serviços da PMT?

Imagine-se dependente dos serviços mais primários da Prefeitura de Teresina. Doente, à espera de uma cirurgia – ou de um milagre – lhe faltam os remédios. Aliás, se falta comida dentro do maior hospital de urgência do estado para os doentes, seria um luxo estranho que não faltasse aos acompanhantes. Prestadores de serviços terceirizados estão por um fio da greve. E se você acha que esse exercício não é para você, pense duas vezes: e se a coleta de lixo parar, quantos sacos de papel higiênico sujo, restos de comida e tudo o que deve ser descartado você consegue acumular dentro de casa?

Tem alguém interessado no desastre. E o interesse não é pequeno.

Esta semana, o futuro prefeito Sílvio Mendes (UB) denunciou que a Secretaria Municipal de Educação estava fazendo uma compra no valor de quase R$ 300 milhões de reais referentes a 113 mio kits de metodologia e material didático para o aprendizado de inglês na rede municipal de Teresina.

O futuro prefeito deverá responsabilizar os gestores que, hoje, estão negligenciando os pagamento de serviços essenciais em Teresina, como é o caso da Saúde, Assistência Social e Coleta de Lixo (foto: Instagram)

Nada contra o inglês. Mas há algo de errado quando a compra é de 113 mil kits e na rede municipal só tem 84.145 alunos matriculados, segundo os dados oficiais do INEP, órgão de pesquisa do Governo Federal. Não é só isso o estranho: falta apenas um mês para que a atual gestão se encerre e há serviços essenciais a beira do colapso.

Ismael Silva, futuro secretário de Educação, também denunciou a compra desnecessária e suspeita neste momento (imagem: reprodução)

Pagametos e necessidades urgentes

O mesmo Diário Oficial do dia 25 de novembro em que foi publicado o registro de preços absurdo da SEMEC apontou uma suplementação de R$ 219 mil reais para a SEMCASPI para manutenção de serviços de acolhimento de pessoas com vínculos familiares fragilizados. Lá, o programa de distribuição de cestas básicas está atrasado e, segundo confirmado extraoficialmente pela equipe da futura secretária, Eliane Nogueira (PP), na última semana PMT ainda estava colocando em dia o que deveria ter sido entregue no Natal do ano passado.

Cestas básicas com atraso na entrega, mesmo com suplementação na SEMCASPI (imagem: DOM-THE)

No HUT, a comida está sendo entregue no critério do favor. E a suplementação de mais de R$ 20 milhões que o Diários Oficiais da última semana registraram para a Fundação Municipal de Saúde ainda não se transformaram em pagamento de fornecedores de alimentos. E o mesmo acontece com os terceirizados: técnicos de enfermagem, maqueiros e serviços gerais estão com salários atrasados e prestes a cruzar os braços.

No dia 21 de novembro, semana passada, o Diário Oficial deixa bastante claro: R$ 6,7 milhões de reais para pagar a coleta de lixo do mês de outubro, uma fatura que estava atrasada. A suplementação das SAADs Sul, Centro e Sudeste II ainda não virou pagamento para garantir a continuidade do serviço que, frisando, não é questão de urbanismo, mas totalmente de saúde pública.

Crise e negligência: quem está retendo os pagamentos dentro da PMT? (imagem: DOM-THE)

O risco de uma empresa dentro de um contrato emergencial (este é o caso!) suspenda serviços por falta de pagamento é enorme.

A esta altura do campeonato, mesmo no apagar das luzes, os gestores que ainda comandam as ações e finanças de Teresina já deveriam saber das consequências de seus atos e omissões.

Bastam dois dias de lixo acumulado nas ruas e uma chuva repentina para que bueiros entupidos gerem o caos. O risco de mortes em ruas alagadas e de doenças após as chuvas. A frequência de chuvas já está aumentando. Tivemos duas grandes chuvas em novembro. Só para constar, segundo o serviço meteorológico Clima Tempo, nos primeiros 10 dias de dezembro, teremos pelo menos 3 dias de chuva.

Risco: previsão do site ClimaTempo para os próximos 15 dias em Teresina (imagem: reprodução)

Não há asfalto novo, pintura de parede ou reforma de praça que mereça pagamento antes do que é absolutamente essencial.

Alguém quer o colapso dos serviços. Hoje, talvez, não se saiba quem.

Mas essa negligência é criminosa.

E difícil de esconder num futuro próximo.

Bem próximo.

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