Faz 16 anos que o jornalista Donizetti Adalto foi assassinado. Ele foi morto no dia 19 de setembro de 1998, pouco antes de uma hora da madrugada. Faltavam 15 dias para as eleições em que concorria como candidato a deputado federal favorito nas pesquisas.
A morte do jornalista causou grande comoção popular. Seu corpo foi velado no Ginásio de Esportes O Verdão, por onde passaram centenas de milhares de pessoas.
Os matadores do jornalista foram descobertos poucos dias depois do crime, causando surpresa a acusação contra seu próprio companheiro de chapa, o candidato a deputado estadual Djalma Filho, à época vereador da capital e acusado pela autoria intelectual do crime. Pode-se dizer, ainda, que sua morte causou uma verdadeira reviravolta na política estadual.
O Ministério Público Estadual, através do procurador-Geral de Justiça em exercício Antônio Ivan e Silva, apresentou denúncia contra Djalma da Costa e Silva Filho, Francisco Brito de Sousa Filho, Sérgio Ricardo do Nascimento Silva, João Evangelista de Menezes, Ricardo Luiz Alves da Silva e Fabrício de Jesus Costa Lima. Djalma perdeu o mandato como vereador por quebra de decoro parlamentar, mas nunca foi levado a julgamento pelo Tribunal de Justiça do Estado. Os demais acusados cumpriram pena pelo crime. O ex-policial civil Pedro Arcanjo da Silva Filho também foi denunciado por participação no homicídio.
A peça acusatória é bastante clara quanto à autoria do crime. Diz o seguinte, no tópico inicial: “Baseado em inquérito proveniente do 2º Distrito Policial desta cidade, que teve a colaboração da Polícia Federal deste Estado, relata o órgão denunciante, em resumo, que no início da madrugada do dia 19 de setembro p. findo, na avenida Mal. Castelo Branco, nesta Capital, próximo à ponte sobre o Rio Poty, que dá acesso à Universidade Federal do Piauí, os denunciados, em conluio e de emboscada, impossibilitando a defesa da vítima, praticaram, a tiros de arma-de-fogo, crime de homicídio qualificado, considerado hediondo, na pessoa de Donizetti Adalto dos Santos, jornalista e candidato a deputado federal às eleições de 04 (quatro) de outubro último. Relata mais que, ainda agonizante a vítima, os denunciados, reunidos em quadrilha ou bando, torturaram-na, aplicando-lhe golpes com cabo de revólver na cabeça, face, orelha direita e região orbitária direita, causando-lhe, inclusive, traumatismo nas unidades dentárias.”
O MPE também não deixa dúvidas quanto à autoria intelectual: “... as provas colhidas demonstram que a autoria intelectual do crime recai sobre o primeiro dos denunciados, o (então) vereador à Câmara Municipal de Teresina, Djalma da Costa e Silva Filho, candidato a deputado estadual pelo mesmo partido da vítima e seu companheiro de campanha política, que, simulando um assalto e integrando-se aos executores do bárbaro homicídio, decidira eliminá-la de forma brutal e covarde, objetivando atrair para si o sensacionalismo da imprensa e a conseqüente solidariedade popular, de modo a reverter a seu favor a intenção de votos presumivelmente destinada ao candidato falecido - àquela altura, consoante a denúncia, despontando no cenário político local com invejável índice de aceitação popular.”
De acordo com a denúncia do MPE, Djalma Filho teria combinado pagamento de R$ 6 mil aos pistoleiros contratados para a execução do polêmico jornalista. Donizetti era conhecido pelo jargão “Pau na máfia”, com o qual marcou também a sua campanha eleitoral. Ele costumava dizer em seus programas: “Morro e não vejo tudo!”
Nunca imaginou que seria morto a mando do seu próprio companheiro de chapa, tendo em vista que dormia tranqüilamente no banco do passageiro segundos antes do crime. Ele e Djalma retornavam da residência do então presidente estadual do PPS, Acilino Ribeiro, depois de um comício na zona norte da capital.
No Piauí, o jornalista trabalhou no Sistema Meio Norte de Comunicação. Inicialmente, na TV Timon, entre 1987-1989, quando apresentou, juntamente com seu companheiro Carlos Moraes, o programa “Comando do Meio Dia”. Em seguida, transferiu-se para a TV Pioneira (hoje Cidade Verde), onde permaneceu por pouco tempo.
Também montou um jornal bastante polêmico, denominado “Comando”, através do qual fez séria oposição ao governo Freitas Neto (1991-94). Na segunda fase, Donizetti apresentaria, a partir de 1986, o programa “MN 40 Graus”, onde permaneceu até 1998, quando foi afastado por se desentender e quase brigar no ar e ao vivo com o deputado Leal Júnior (DEM). Costumava dizer que era um “cão de guarda” do empresário Paulo Guimarães, proprietário do Sistema Meio Norte de Comunicação, por quem teria grande afeto e admiração. O mesmo não se pode afirmar em relação ao empresário. Na TV e Jornal Meio Norte, empresas do grupo de comunicação de Guimarães, o nome de Donizetti foi banido. Suas imagens também foram recolhidas a um arquivo morto.
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